sábado, 5 de setembro de 2009

Noite sem estrelas

E lá estávamos nós, novamente. Sempre odiei o seu silêncio, por menor que fosse. Hoje ele era completamente sepulcral; e eu o respondia, sim. Com o mesmo silêncio que me atormentava. Sentados lado a lado. Próximos de corpo, quilômetros distantes de espírito. Era como se eu quisesse falar, mas não soubesse o que. O céu não tinha estrelas. A lua se mostrava, se escondia; e eu não conseguia nem mesmo olhar pros seus olhos. Talvez por medo daquele maldito nó na garganta se desfazer e eu me sentir fragilizada. Tudo já havia sido dito. Eu entendia completamente seu lado e você o meu. Só não queríamos era entender que não havia solução. Dois egoístas. Permanecemos assim por um longo tempo. Encostei minha cabeça no seu ombro, fechei os olhos. Não pude conter a lágrima que há muito me causava angústia. Não deixei que visse meu rosto até que ela secasse; não queria ser injusta e usar de lágrimas para te atingir. Jogo limpo. Eu precisava falar! Mas não havia nada articulado. Extremo egoísmo se mesclava a total compaixão. Sim, eu não sou muito de meios-termos. Sei que você também não, e era justamente por isso que estávamos naquela situação. Eu tremia incontrolável, mas quase imperceptível. Os culpados eram a angústia e o medo. Angústia por não saber o que fazer; medo de te perder. A única saída, a "solução", era cintilante, letras grandes em neon: terminar. Mas lembra? Somos egoístas. E assim, adiamos o fim já premeditado. Acabamos a noite sem uma resposta. Não-resolvidos. Talvez apareça uma nova saída... talvez não.